Obras de Arte
Sobre o valor na arte contemporânea
As histórias das sociedades se entrelaçam com suas culturas materiais, em um amálgama inseparável. Os períodos da evolução das civilizações elucidam etapas nas quais as estruturas políticas se associam aos ciclos econômicos: a valoração de objetos, desde os sistemas de trocas até a economia como alicerce humano, atravessa espaços e tempos.
Das trocas e dos escambos, os artefatos de valor, sejam eles conchas do mar ou presas de elefantes, foram, à medida que o domínio das ferramentas avançava, atualizando-se, gerando relações tecnológicas e estéticas. A palavra “arte”, advinda do latim ars e originada no radical grego tékhne, se misturou à técnica, ligando historiografias e gerando o que hoje chamamos de obras de arte – objetos cujo valor simbólico emerge também da materialidade.
A arte contemporânea, sob essa perspectiva, expande um arco narrativo que atravessa múltiplos sistemas de valoração, aportando no século XXI por meio de práticas discursivas com forte teor crítico, sobretudo no que concerne aos colecionismos numismático e filatélico, aos imperialismos e às colonialidades, em peças cujos resultados formais e valores derivados se sobrepõem, revelando sistemas, métodos e códigos nos quais o dinheiro se configura como arcabouço conceitual regente da modernidade.
As coleções de arte moderna e contemporânea do Itaú se incorporam nesta exposição com o intuito de contextualizar o acervo histórico sob as lentes do tempo presente, considerando o desenvolvimento sustentável e social e a transformação digital, atualizando a noção de valores humanos da sociedade e buscando modos de apreensão do passado que respeitem princípios éticos de um futuro que construímos continuamente.
Leno Veras
Zero cruzeiro e Zero centavo, 1978
Cildo Meireles
lito offset sobre papel moeda e moeda em níquel
Acervo Banco Itaú
Ninhos de Beija-Flor (Três Reais), 2023
Elias Maroso
Cédulas de um real convertidas em alto-falantes planos, 2/5
Acervo Fundação Itaú
Desenhos da liberdade – Carta de liberdade do escravo Luiz Nagô, 2019
Ayrson Heráclito
desenho a bico de pena sobre cópia de carta de alforria
Acervo Fundação Itaú
Sem título, s.d.
Carybé
serigrafia sobre papel, 75/130
Acervo Banco Itaú
Blue phase (defacements), 1992
Jac Leirner
papel-moeda e entretela
Acervo Banco Itaú
Monnaies Bresiliennes de Diverses Epoques 2 partie PL 31 e 1ères Medailles frappées a Rio de Janeiro, 3ª Partie Pl. 17, 1835
Jean-Baptiste Debret
litografia colorida à mão
Acervo Banco Itaú
Retrato de Zeferino Ferrez, déc. 1820
August Muller
óleo sobre tela
Acervo Banco Itaú
Amor, ordem e progresso – Projeto de arte financeira, 2013
Lourival Cuquinha
bandeira costurada com notas e moedas de dinheiro brasileiro de várias épocas
Acervo Fundação Itaú
Cruzeirinho: modelo #2, 2022
Ricardo Villa
papel moeda sobre papel
Acervo Fundação Itaú
Cruzeiros cruzados (D. Pedro I), 2014
Rodrigo Torres
corte e colagem de dinheiro
Acervo Banco Itaú
Fundição de Ferro, 1938
Candido Portinari
pastel seco sobre papel
Acervo Itaú S.A
Two, Five, Ten, Twenty, Fifity e One Hundred Brazilian Reais, 2011
Série Brazilian Reais
Jack Strange
colagem, 1/3
Acervo Banco Itaú
Circulação estendida: moedas esticadas com martelo, 2014
João Loureiro
moedas de real e isopor
Acervo Banco Itaú
Transeconomia real, 2007
Marcelo Cidade
cédula de dinheiro e caixa de MDF
Acervo Banco Itaú
Artefatos #1, #2 e #3, 2016
Jaime Lauriano
serigrafia e lápis dermatográfico sobre saco de transporte de grãos
Acervo Banco Itaú
Introdução à história do Brasil, 2022
Bruno Faria
instalação com 53 placas de madeira, desenho a laser e moedas
Acervo Fundação Itaú
Dinheiro vivo: arara, 2022
Vik Muniz
impressão a jato de tinta em papel archival
Acervo Fundação Itaú