Expositor
Revisitar desde o início
Do começo do período colonial, quando mercadorias servem como moedas, às invasões holandesas no Nordeste açucareiro, esta seção detém-se aos dois primeiros séculos da história do Brasil colônia. Apresenta-se ainda, de forma explícita, um exercício que fundamenta toda a exposição: revisitar a memória histórica de modo crítico.
Expositor
Moeda de prata de 1900, no valor de 4000 réis
Moeda de bronze-al de 1932, no valor de 1000 réis
Medalha de broze 4º Centenário do Descobrimento do Brasil de 1900
A memória histórica revisitada
O passado está por toda a parte. Em construções, estátuas e símbolos variados, como as moedas e medalhas aqui expostas.
Diferentemente da nossa memória pessoal, a de um povo e de um país é chamada de memória social. Ela é construída a partir do entendimento coletivo do passado, o que não a torna unanimidade. Temos, assim, visões diferentes que variam de acordo com gênero, raça, faixa etária, classe social, religião e região, entre outros.
As moedas e medalhas exibidas aqui preservam memórias, datas, propósitos. Poderíamos ter selecionado outras datas e acontecimentos para celebrar. Nesse sentido, nossa provocação se dá de forma a compreender por que determinados temas compõem a memória social, enquanto outros são relegados ao esquecimento oficial.
Ensaio monetário Terra de Santa Cruz de 1695, no valor de 640 réis
Moeda de ouro de 1462, no valores de 4 e 4.400 réis
Moeda de ouro de 1499, no valor de 10 cruzados
O começo da colonização
A introdução da moeda no Brasil foi um processo longo. No início, mercadorias como o açúcar, o couro, o fumo, o cravo, o cacau, o algodão, a erva mate, e moedas estrangeiras eram usadas em nossa economia.
Em algumas ocasiões, o uso de mercadorias como moeda obedeceu a determinações legais vinculadas à economia, caso do açúcar, legalizado como moeda em 1614 pelo governador do Rio de Janeiro devido à ascensão dos engenhos; e do algodão, usado no Maranhão até 1712. Com a União Ibérica (1580-1640), a prata espanhola passou a ser usada.
Moeda de ouro de 1646, no valor de III Florins
Medalha Combate dos Holandeses na Bahia de Matanzas de 1628
Medalha da Tomada do Arraial do Bom Jesus de 1637
Os holandeses no Brasil
Os holandeses permaneceram no Brasil de 1630 a 1654. A administração de Maurício de Nassau, enviado pela Companhia das Índias Ocidentais, tem como uma das heranças a urbanização de Pernambuco, em especial da capital, Recife.
O Brasil holandês ficou abalado com a demissão de Nassau, graças à mobilização popular motivada pela Guerra de Restauração, que teve início em 1640 e marcou a retomada de Portugal ao domínio. A cunhagem das famosas moedas obsidionais holandesas se deu neste contexto.
Apesar da vitória, Portugal perdeu: o complexo açucareiro se desarticulou. Esse é também o período do Quilombo dos Palmares, formado por escravizados fugidos de engenhos de açúcar pernambucanos.