Espaço Herculano Pires

Fonte

Salão de exposição com paredes, chão e teto brancos e um puff cinza ao centro, na parede do fundo há uma janela e em frente a janela há uma grande placa com textos e fotos sobre a exposição.

Para pensar os Brasis

A memória é uma chave imprescindível para entender quem somos, onde estamos e, assim, abrir as portas para refletirmos sobre o passado e os futuros possíveis. A trajetória das moedas, das medalhas, das cédulas e dos selos nacionais revela muito das nossas identidades. Reconhecendo essa premissa e revisitando o acervo da Coleção Numismática – iniciada por Herculano Pires –, o Itaú Cultural (IC) convida o público a examinar o passado a partir de um pensamento crítico e criativo, valorizando o que a arte acrescenta à nossa percepção.

A mostra é composta de conteúdos diversos, por meio dos quais os visitantes poderão (re)conhecer a história do Brasil, plural, complexa e diversa, observando os grupos e os pensamentos que nos constituíram como país. Com um recorte cronológico, o material exposto percorre a trajetória histórica desde a chegada dos colonizadores e a presença dos povos originários até os tempos atuais, acompanhado de textos descritivos e analíticos que situam esse passado numa perspectiva atual.

O acervo é complementado por outros trabalhos artísticos contemporâneos que estabelecem múltiplas narrativas e leituras sobre o diálogo, a crítica e a intervenção no dinheiro, apresentando outros olhares, oxigenando conceitos e tradições. Um trajeto que possibilita o acesso a várias histórias que formaram a narrativa de nação e outras que, por muitas vezes, estiveram ocultas, mas aqui se fazem presentes.

Há ainda o uso de recursos tecnológicos, como a ampliação visual para observar detalhes das peças e jogos para uma experiência mais interativa.

A Coleção Numismática faz parte do acervo do Itaú Unibanco, composto de várias coleções – incluindo a Brasiliana, aberta para visitação neste mesmo prédio. Agora, as moedas e as medalhas têm esse espaço para descobertas. Além disso, a exposição presta homenagem a Herculano Pires, que se dedicou e contribuiu para preservar parte da memória do país.

Boa visita. E boa viagem a esses muitos Brasis!

Alfredo Setubal

Presidente do Itaú Cultural

Presidente do Conselho Curador da Fundação Itaú

Muitas Histórias, muitos olhares

Esta exposição apresenta uma notável coleção de moedas, medalhas, condecorações e selos em uma perspectiva atual e dinâmica, que narra muitas histórias sob os mais diferentes olhares, tendo em conta principalmente as imagens gravadas, o formato e o metal ou o papel dos objetos, assim como as suas inscrições.

O olhar atento do visitante encontrará temas importantes da sociedade contemporânea, como a negritude e sua invisibilidade histórica, a necessária representação das mulheres e a noção de valor entre os povos originários. Além dos temas clássicos da numismática brasileira, como a invasão holandesa, são apresentados aspectos técnicos da cunhagem (o ato de converter o metal em moeda), a produção das diferentes formas de governo e as moedas brasileiras de circulação exclusiva no continente africano.

Pode-se perceber o enaltecer dos famosos dobrões, das longevas patacas e das deslumbrantes condecorações da Ordem da Rosa e da Ordem Imperial do Cruzeiro – para saber o que significa cada uma dessas moedas e medalhas, basta seguir a exposição. E há, ainda, a mais importante moeda brasileira, a Peça da Coroação.

A temática artística surge em traços do Barroco e do Rococó, em desenhos e gravuras da Missão Artística Francesa, na beleza inspiradora do mestre Augusto Girardet e na presença da mitologia greco-romana animada pelo Neoclassicismo. Há também os temas cotidianos, como os esportes, os animais, o trabalho agrícola e a indústria.

No espaço, os diferentes conteúdos estão em diálogo com obras de arte e com recursos tecnológicos lúdicos. Um zoom nos detalhes permite um encontro com os vários brasis que nos formam.

O resultado é uma história mais brasileira, mais plural, que busca respeitar os grupos sociais que contribuíram para a nossa formação política, econômica e cultural, e que ressurgem a cada novo olhar, a cada novo deslumbramento.

Vagner Porto